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Criar tipos é uma nova profissão no mercado brasileiro

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Tipos originais criados pela dooType

Formado em Desenho Industrial, Eduilson Wessler Coan, há 12 anos cria novas letras trabalhando de maneira experimental, mas com muita técnica e criatividade. Foi o fundador da dooType e já criou tipos para grandes empresas como a Unimed e a Editora Abril. Conheça um pouco sobre a profissão de type designer…

Qual a importância do seu trabalho?
Às vezes é imperceptível o uso da tipografia, mas está presente em muitos momentos da nossa comunicação diária. Em alguns projetos o desenho é feito para aparecer e dar identidade a peça gráfica. Já em uma tipografia para textos longos o objetivo é totalmente o contrário, uma boa tipografia é aquela onde o texto é lido confortavelmente e ela não é percebida.

Você é formado em Design Gráfico. De onde surgiu a ideia de trabalhar com tipografia?
Antes mesmo de entrar na faculdade tive o primeiro contato com o desenho de letras. Criava logotipos para um site, junto com alguns amigos. Com a criação de algumas letras para os logotipos veio o interesse em criar todas as letras do alfabeto e assim foi o início das minhas pesquisas na área.

É uma profissão que exige muita pesquisa? Quanto tempo leva para criar uma tipografia?
Cada projeto requer uma pesquisa específica. Em termos gerais, o estudo inicial requer muito treino em caligrafia, em que toda a estrutura da letra é compreendida, seus contrastes e as diferenças entre as penas caligráficas exibem um diferente traço, podendo ser utilizada para vários estilos de letras.
A parte digital é outro processo que requer grande dedicação, compreender o funcionamento das tecnologias e softwares específicos para o design de tipos é fundamental.
Já o tempo da criação de cada projeto depende de vários fatores como quantos idiomas ela terá suporte? quantos pesos (se terá versão negrito)? se a versão itálica será também projetada? Os projetos podem durar de 30 dias até 1 ano ou mais. Os meus projetos duram, em média, 2 a 3 meses.

Como é o processo de criação?
O processo inicial é esboçar as primeiras ideias no papel, cada projeto tem suas particularidades e para não perder tempo no momento da criação do desenho digital é importante essas diretrizes bem traçadas no papel.
Cabe a cada type designer decidir quantas letras desenhar no papel, meu fluxo de trabalho é focado mais no meio digital, então desenho apenas algumas letras em caixa baixa, que me passem uma parte estrutural da largura e peso dos caracteres como: n o v e letras que mostrem mais da característica do desenho, como: a g f. O restante do processo é todo no programa de desenho vetorial.

Você já atendeu grandes escritórios de design, como os clientes chegam até você?
A maior parte dos clientes chegam por meio de alguma indicação. Em 2012, fiz projetos destinados ao mercado de varejo, tendo fontes licenciadas para diversos clientes e estúdios do mundo todo. Um dos meus revendedores é o site Myfonts.com.

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Unimed do Brasil

Já em 2013, trabalhei em projetos customizados. Criei para a Unimed do Brasil várias famílias tipográficas para atender todos os usos necessários na criação de materiais gráficos da marca. São fontes para serem utilizadas em corpos grandes como o título de uma revista ou uma versão serifada com os ajustes necessários para a fonte funcionar bem quando exibida em corpo de texto.

Como foi o trabalho desenvolvido para a Editora Abril?
Fiz parte da equipe que criou a nova tipografia de texto para a Revista Veja, o briefing apresentava alguns pontos a serem melhorados, tanto na revista impressa como na versão digital. Somente após a análise de um conjunto de informações o projeto tomou forma.

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Revista Veja

Com direção de arte de Gustavo Soares e consultoria de Fernando Mello participei como type designer, desenhando e ajustando as letras e o espaçamento. Tudo isso depois de diversos testes e mais testes. O projeto foi lançado na edição Retrospectiva 2013 e apresenta a mesma experiência de leitura da fonte antiga, mas uma mancha de texto mais bem impressa devido a ajustes no novo desenho. A versão digital contou com uma otimização para telas de baixa resolução feita por uma empresa de fora do país.

Você também já criou tipos para produtos femininos?
Já criei fontes que seguem as características e tentam simular a escrita caligráfica. A Maestra segue um estilo conhecido como copperplate e a Delicatta tem um desenho mais solto e busca ser mais expressiva. Criei também o projeto Encorpada, uma tipografia de alto contraste muito utilizada em revistas de moda entre outras revistas femininas.

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